ballet

minha mãe faz agora aulas de ballet.
e eu acho lindo!
ela é linda e elegante, doce e forte.
e quando eu era pequena, ela lia para mim e para a minha irmã
a poesia da bailarina da cecília meireles.
aprendi e ainda sei, de cor, os versos:
"esta menina, tão pequenina,
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá."
(lia o livro todo, e outros, mas hoje lembrei desta)
fiquei feliz de ver minha mãe fazendo uma coisa que sempre gostou,
mesmo sem saber se ela de verdade prefere a dança ou a música das aulas.
o que não importa nem um pouco, diga-se de passagem.
as duas se complementam.
mas fiquei também pensando em como ela me ensinou a gostar das coisas.
como ela me ensinou a ler, como me ensinou a amar a poesia,
como me ensinou a ouvir musica, a olhar o mundo.
esta mesma ampliação da percepção de que tanto falo aqui,
como a alma do processo educativo e criativo,
vejo que foi ela que me ensinou.
e não por pensar que era bom,
ou por achar que eu deveria aprender,
ou mesmo por acreditar que eu seria uma pessoa
mais isto ou aquilo se soubesse estas coisas.
mas simplesmente porque ela compartilhou a paixão dela comigo.
e despertou em mim os sentidos para estas mesmas paixões.
abriu minha alma, meus ouvidos e meu coração
e fez meu olhar mais atento às belezas do mundo.
(gracias, bailarina!)