terça-feira, setembro 23, 2008

a pianíssima voz


Rutila a primeira debandada dos pássaros. Toda ela, migração sentida no ligeiro abano das asas - dedos. Nesta casa de cordas há um inquietante ruído de penas que sossegam o coração. Um sustenido, uma ave. Um bemol, uma mão. Tudo isto, silêncio mareando nos caminhos dos olhos. Há sempre uma melodia que chega como tragédia à nossa casa, gesto trepando o sentir do dia, solidão da noite. Por vezes, nela apeamo-nos, como uma pena à mercê dos ventos, muitas vezes, turbilhão e peso nas costas do tempo. Quem não voa no lento desenleio de um gesto - saudade - toda ela, nota de uma pauta perdida por entre os carris dos tímpanos? Mais escrevia, mas há uma pianissíma liquidez que gela a voz do olhos - caótica rouquidão nas unhas dos dedos...

(http://olhares.aeiou.pt/foto1953093.html)

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