quarta-feira, setembro 24, 2008
a insustentavel leveza do ser
"enquanto as pessoas são ainda mais ou menos jovens, e a partitura das suas vidas está somente nos primeiros compassos, elas podem fazer juntas a composição e trocar os temas, mas quando se encontram numa idade mais madura, suas partituras musicais estão mais ou menos terminadas, e cada palavra, cada objeto, significa algo diferente na partitura do outro."
trecho de A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera
tem filmes, livros, musicas e poesias que me acompanham há muitos anos.
volta e meia alguma coisa da vida me faz recordar, e vou ao baú dos cadernos, físicos ou virtuais, e o trago de lá.
este filme deveria estar na minha lista de preferidos, mesmo que eu tenha preferido o livro ao filme (mas isto muitas vezes acontece...)
acho bárbaro pensar como cada pessoa realmente vai construindo a partitura de suas vidas, com seus significados, associações, recordações, explorações, e isto tem ecos profundos na forma como cada um se estrutura.
quer dizer: muitas vezes alguem te diz alguma coisa, e acessa algo ancorado em ti, e já suscita mil e uma emoções, que muitas vezes nem tem nada a ver com o que aquela pessoa queria dizer.
outras vezes, sim, os temas ressoam, e surpreende que a empatia se manifeste tão espontaneamente.
por isto gosto tanto de procurar compreender as minhas proprias partituras, vividas, criadas, e sentidas, e as partituras de outros, e observar quando, de vários modos, os temas retornam e são musicados de novo.
por isto reluto tanto em aceitar nomes, rótulos, designações dos outros e de mim mesma sobre o que quer que seja, porque sempre penso que a partitura de cada um é tão imensa, e abrange tantos instrumentos dos quais sequer conheço o timbre e a melodia produzida, que sentenciar ou rotular é necessariamente reduzi-los.
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Um comentário:
Comprei o filme ontem, revi e neste momento estou assistindo novamente. Assim que possível, vou ler o livro de novo. Esta redescoberta está me proporcionando um momento de grande inspiração.
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