Antônio Leal de Sá Pereira

finalizamos ontem o artigo que me ocupou a semana inteira, sobre Antonio Sá Pereira, primeiro diretor do conservatorio de pelotas.
baiano de nascimento, esteve estudando durante 17 anos na europa, e veio diretamente para pelotas logo que voltou ao brasil.
aqui, foi diretor artistico e professor de piano do conservatorio de musica.
foi para são paulo em 1923 e fundou, junto com mário de andrade, a revista ariel, porta-voz da semana de arte moderna de 1922.
em pelotas, ele escreveu, entre 1919 e 1922, um conjunto de 11 artigos, que foram publicados nos jornais da época e que nao constam do conjunto de sua produção conhecida pela musicologia brasileira.
durante as pesquisas que patricia e fabiane, que trabalham comigo, realizaram nos jornais, descobrimos este tesouro.
agora, terminamos de escrever, a seis mãos, um artigo analisando este escritos de sa pereira.
me parece muito atual o que ele escreveu, há quase 100 anos...
e sua personalidade audaciosa, me ensinou muito, todos estes dias.
lembro de algo que é atribuído a Jean Cocteau, e que me lembra tbem Sá Pereira:
"Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez".
aqui os trechos de sá pereira:

"Um concerto de piano é, na sua abstração espiritual, um acontecimento artístico que exige e pressupõe da assistência um grande poder de interiorização e requinte de emotividade.
O piano é o menos sensual, o mais austero e espiritualizado de todos os instrumentos, incluída a voz humana.
Daí a sua inacessibilidade inicial para muitos, daí, porém, também a sua indefectível camaradagem e consoladora amizade e todo aquele que, com o hábito, se lhe tornou familiar."

"a verdadeira música exige “cultura interior”, exige recolhimento d’alma, exige silêncio, exige introspecção, ela é avessa a mundanismos. Mas o nosso público – na sua maioria – não está para estas maçadas. Ele quer ouvir melodias de fácil e amável tratamento essencialmente harmônico, pouco se presta a estes prazeres superficiais – é e fica sendo o grande maçador!"

"Certamente pensais como nós, que embora longe dos grandes centros, ou justamente por este motivo, não devemos renunciar a este aos estímulos espirituais que só as grandes cidades costumam se dizer.
Ora , ninguém ignora o valor ético da música, a sua importância como fator integrante da cultura geral do indivíduo como complemento harmônico de sua educação."
(Imagem: Sá Pereira e alunas, publicado na Revista Illustração Pelotense, em 1919)
mais informações: ver os livros na coluna da esquerda do blog)