sexta-feira, maio 30, 2008

para ler atentamente, mesmo sendo longo...

Texto lindo, lindo da Clarisse Milano

"Naquela época, não foi por elas que eu ali cheguei, mesmo assim, de uma forma inexplicável, as três criaram raízes em minha essência e hoje florescem comigo por onde vou. Anos sem com elas conviver. Muitos. Não sei o número exato, mas também qual a importância em sabê-lo? Ao revê-las, as três, juntas, na mesma casa, foi como se ao passado eu retornasse. Em meio aos diálogos necessários entre pessoas que há tempos não se vêem, minha mente fluía entre as lembranças que eu tinha delas. Seriam as mesmas ainda? Naquele momento, a única certeza que tive foi sobre o olhar de cada uma... eles ainda continham a janela para vê-las em sua essência.

Uma delas continuava sendo a mais clara de todas, mas aquela sua inquietude, antes transparecida na busca constante de algo que pudesse aplacar um aparente imenso vazio, havia desaparecido. Foi como se a presença de suas duas meninas tivessem feito com que ela reconhecesse em si mesma a força e a leveza de rir que sempre teve.

A mais morena delas continuava transbordando cultura e musicalidade. Se antes eu já fazia idéia de que ela representava a mulher independente e madura dos tempos modernos, imagina o que foi recriado em meus devaneios com aquele encontro? Vê-la sentada em paz, continuando o seu viver, com a presença de seus dois guris, fez com que minha idéia de plenitude de vida fosse repensada.

As mãos da terceira continuam fazendo o mesmo gesto de antes e ainda transmitem a mesma harmonia. Ela segue acolhendo os que ao encontro dela rumam. Seu olhar instigava-me curiosidade. Ele parecia tão distante estar, ao mesmo tempo em que transmitia presença e atenção ao que acontecia ao redor. Lembro-me de querer entender o que se passava em sua mente. Eu admirava-a, bem de longe, sem nada dizer ou expressar. Tinha consciência do seu amor à vida e, principalmente, do seu amor às pessoas próximas. Revê-la, após termos ficado tantos anos sem qualquer contato. Revê-la, após termos nos aproximado novamente graças a internet. Revê-la e novamente vê-la mãe. Revê-la e vê-la avó. Revê-la foi como se o revelar de uma fotografia preta e branca, há tempos guardada em minha memória, surpreendentemente se fizesse colorida.

Li em ‘Os Catadores de Conchas’ de Rosamund Pilcher algo que expressa verdadeiramente todo este sentir. Coloco a idéia aqui no plural e não serei fiel às palavras da autora, pois não possuo o livro em mãos para tal. Eis sobre o que falo: ‘elas fazem parte da minha pessoa, tornaram-se parte do meu caráter. Uma parte de cada uma delas acompanha-me em todo canto’. Foi ótimo revê-las. Melhor ainda saber que elas sempre estarão tão perto, mesmo tão longe!"

Um comentário:

Anônimo disse...

obrigada! adorei a expressão "mulher capa de revista" usado pela Marina! és show! bj.

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