segunda-feira, outubro 01, 2007

Verdade, Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Um comentário:

Fox disse...

Cara blogger,
Há muitos anos não leio esse texto do qual gosto muito.
Seu blog é muito interessante, parabéns. Gosto de música tb, mas nunca saí da teoria musical, que hoje em dia está um tanto esquecida. Gostaria de estudar piano faz tempo, se tiver algum bom livro a recomendar, agradeço.
Parabéns e continue seu trabalho.
Fox (rapozoster@gmail.com)

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