segunda-feira, março 26, 2007

Volver, de Pedro Almodovar: um filme de mulheres


Se a trajetória descrita pela obra do cineasta espanhol Pedro Almodóvar deixasse rastros, a forma resultante seria muito semelhante a uma espiral. Seu cinema nunca pára de dar voltas em torno de si mesmo. De tempos em tempos, os filmes retornam aos mesmos temas, espaços e obsessões; mas, a cada giro, o escopo de seu universo torna-se mais amplo, profundo e sofisticado. Volver, 16º longa-metragem do diretor, passa por um trecho da espiral almodovariana que poderia ser chamado de “a curva das origens”. Como o próprio título indica, a produção marca uma série de retornos para o cineasta: ao seio materno, à infância, ao universo feminino, à região de La Mancha (ao sul de Madri) onde nasceu e cresceu e à parceria com Carmen Maura, atriz-fetiche do início de sua carreira.
O filme retrata três gerações de mulheres de uma mesma família originária de um vilarejo “manchego”: Raimunda (Penélope Cruz), que tem o marido assassinado por sua filha (Yohana Cobo) após a jovem sofrer uma tentativa de violência sexual; sua irmã Sole (Lola Dueñas), que ganha a vida como cabeleireira; e sua mãe Irene (Carmen Maura), que, depois de anos dada como morta, surge como uma aparição primeiro para Sole e em seguida para Raimunda, com quem tenta se reconciliar por problemas do passado.
“Voltei às minhas raízes e às memórias de minha mãe”, declarou o cineasta de 56 anos a respeito do filme. “Mas Volver não é uma comédia surreal, como pode parecer. É um filme sobre a cultura da morte em La Mancha, onde ela é tratada da forma mais natural possível. Ali mortos e vivos convivem sem problemas.” Descontado o tom falsamente “espírita” da trama, Volver guarda vários pontos em comum com antigos longas do cineasta, como O que Eu Fiz para Merecer Isso? (1984) e, em menor grau, A Flor do Meu Segredo (1995). Depois da morte da mãe em 1999, o espanhol realiza uma nova elegia à maternidade de forma mais madura e serena.
Em Volver, Almodóvar mantém o caráter confessional do filme anterior, mas recupera muitas das características que fizeram dele um cineasta querido no mundo todo: a mistura balanceada de comédia e drama, as mulheres exuberantes e inquebrantáveis, as cores e tradições da Espanha, a alegria de viver por trás do ridículo da existência. Em vez de enumerar todos os retornos contidos em Volver, seria mais simples dizer: em seu novo filme, Almodóvar retorna a Almodóvar. Em seu caso particular, todos sabemos o que isso significa. (em: http://www.bravonline.com.br/noticias.php?id=2218)
aqui, um interessante "pequeno dicionário almodovariano" http://www.bravonline.com.br/noticias.php?id=2223

5 comentários:

Ana disse...

Vou tentar fazer umas sessões de vídeo, com todos estes filmes! Fiquei morrendo de vontade!

Obrigada por me linkar! O teu é o primeiro blog MADE IN SATOLEP da minha lista!

Ah! Te vi na Viki e na Thelma! Que bom!

Beijos!

Thelma disse...

Isa
Eu adorei este filme! Percebi que muitos brasileiros nao gostaram e fiquei pensando no porquê deste desgosto. Talvez seja porque VOLVER é um dos filmes de Almódovar que mais se parece com Castilla- La Mancha. E fica um pouco mais difícil entendê-lo sem conhecer o poder das mulheres desta regiao da Espanha. O matriarcado e a força natural destas mulheres sao uma realidade em Castilla-La Mancha. Nénao? Tu, que moraste em Madrid, sabes bem do que falo.
Muito legal teu blog, guria! Te esperamos aqui. Tens mais duas amigas nesta banda da terra.
Bjs.

isa disse...

ana, veja tambem todo sobre mi madre, tacones lejanos e hable con ella. para mi, são alguns dos melhores. agora, sobre outros filmes "de mulheres" te recomendo a excentrica família de antonia, amelie poulain, camille claudel e como agua para chocolate. imagino que ja tenhas visto, mas sempre é bom rever!
thelma, concordo contigo sobre como este filme retrata as mulheres de castilla-la mancha. acho que ele resgata tambem a multipla identidade de sua propria mãe, o que torna este novamente um filme autobiográfico. a relação com a morte, como algo do cotidiano, tambem me parece linda. as cores, meio frida kahlo... adorei almodovar, como sempre!beijos para as duas!

Ana disse...

Obrigada pelas dicas! Preciosas!
Amanhã vou assistir o Lama Padma Santem com toda a certeza! Recebo os informativos do CEBB Viamão/RS e simplesmente não li nadasobre esta palestra!
"Obrigada"!!
Amanhã te mando email, com calma, mas precisava agradecer HOJE!
Beijos!

Unknown disse...

Oi Isa.
So ontem vi o filme em DVD...quando sair ai nao deixa de assitir as entrevistas. elas explicam muita coisa do filme, como a forca das mulheres e a relacao deles com a morte em La Mancha.
beijos
Ricardo

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