quinta-feira, agosto 12, 2010

"frio, de um lugar tão úmido que está isto aqui..."

a frase do título é dita pelo pai do Vítor Ramil, incidentalmente no disco "A paixão de V".
na época em que foi lançado, eu tinha uns 15 ou 16 anos, não consegui comprar o LP e tive que comprar o K7, mas tive uma trabalheira enorme para fazer xerox do encarte inteiro, recortar e colar os pedaços com fita durex para ficar com ao menos uma cópia do encarte, que era lindo.
eu adorava.
decorei todas as musicas, desde ibicuí da armada até clarisser.
(capaz que ainda saiba...)
acho que desde este tempo que eu passei a usar satolep para falar da cidade, e que segui acompanhando os discos do Vítor.
( eu sigo falando que CD é disco, e que cada música do disco é uma faixa)
ontem, mostrei algumas músicas do Délibab para meus amigos fernando e elisabetta, e escrevi um pouco sobre o disco.
impossível não associar ao frio e à umidade que fazem por estes dias.
impossível não pensar nas identidades dos lugares.
no que eles significam para mim, diferente de para outros.
ruas, casas, caminhos.
e nos passos seguindo os caminhos.
queria fazer um dia fotos de passos, igual à marina está fazendo, por vários lugares.
para mim é sempre necessário andar.
e ficar na frente da lareira, arrumando o fogo.

Vítor Ramil: A estética do frio - texto completo no link abaixo (copie e cole no seu navegador porque perdi o jeito de inserir links aqui no blog...)
http://ufpel.edu.br/~ramil/vitor/estfrio.htm

"(...) O gaúcho acaba tendo uma visão caricata de si próprio, a partir da visão superficial que o Brasil tem dele e que ele, como brasileiro, compartilha e assume. O deslocado gaúcho tende sempre a encarnar a personagem "gaúcho" quando se comunica com o Brasil. Do outro lado, os brasileiros tendem sempre a tratar o gaúcho como uma personagem. Numa visão geral, digamos a partir do centro do País, qualquer povo em qualquer região tem sempre suas peculiaridades transformadas em clichês, mas aparece antes de tudo como brasileiro. O gaúcho parece ter antes de tudo seus clichês, depois ser brasileiro. O Brasil o vê lá longe, isolado, e só pode enxergar o que nele é gritante, só as diferenças que saltam aos olhos. E o gaúcho faz que sim. (...)
(...) Jorge Luis Borges disse que ao escrever não necessitava "tentar" ser argentino, porque já era. Se "tentasse" soaria artificial. Perfeito. O "tentar" ser é caricatura. Não "tentar" ser gaúcho, nem "tentar" ser brasileiro. (...)"

Um comentário:

Ana disse...

Estas palavras calam... fazem sentido. Entendo profundamente as coisas que ele fala...

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