um lugar-comum diz que as mulheres são faladoras. elas conhecem nesse caso tanto o valor do silêncio como a alegria da palavra.
nas suas relações com os homens, as mulheres a princípio mantêm-se caladas muito mais frequentemente do que aqueles, porque escutam com atenção o que eles dizem, com o intuito de perceber claramente de que se reveste o principal desejo do homem. elas extraem a indicação dos gostos, da sensibilidade, da inteligência e de todas as tendências particulares daquele que lhes faz a corte. elas deixam-se seduzir, ou não, e desenvolvem a sua estratégia em função daquela vaga de palavras que se destina a impressioná-las favoravelmente. o seu comportamento baseia-se nas informações recolhidas nos momentos de silêncio, que além disso constrói à volta delas uma muralha impenetrável, deixando-lhes o poder de aquiescência ou de recusa. elas mostram também que o seu amor é um labirinto e que nem todos os que querem podem entrar. o 'príncipe encantado' deve procurá-lo longe das aparências, nas zonas escondidas do seu coração. e o regresso actual da castidade nada mais fará do que aumentar esta predisposição inata para o mistério. (...)
'elogio do silêncio' (colecção XIS, livros para pensar, 2003, pág. 35,36) - marc de smedt
sobre o autor http://www.wook.pt/authors/detail/id/23580
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