terça-feira, janeiro 27, 2009

dançando com a vida - update

Texto lindo da Denize Barros, no La Reina Madre (link aqui)
tive que postar aqui...

"Eu fui uma criança arteira, eu sei, me lembro muito bem o trabalho que dei. Aliás, acho que continuo sendo do mesmo jeitinho. Sempre usei e abusei de tudo que tive vontade. Fui punk, hippie, sexy, perua, vamp, artsy, elegant, mood, exotic e tudo mais que vocês possam imaginar eu fui, provei e gostei (ou não). Sempre experimentei várias versões de mim mesma, com figurino, cabelo e maquiagem milimetricamente contextualizados (ou não, vejam só, Caetano me possue!).

Aí de repente virei mãe do infante herdeiro Teodoro e mantive um visual de “mãe padrão” durante um tempão. Sabe como é isso?! Vários quilos a mais (no meu caso 25kg), peitão pingando no sutiã de amamentação, cabelo desgrenhê, olheiras de sono eterno, roupas esmulambidas e um sex appeal lá no chinelo. Afe. Não estou generalizando pois tem gente que amamenta de salto alto e batom moulin rouge enquanto flerta com o marido carente. Não foi o meu caso. Eu tive esse momento “tô nem aí pro mundo que agora eu virei mãe” e por incrível que pareça foi um tempo bem feliz. Aí, depois que o filhote foi crescendo, começou um movimento ascendente de rearrumação geral do meu layout pessoal.

Formada, casada, amada, com filho, casa, trabalho, tudo como manda a tradição (pura balela isso né não?! como a gente vai se enganando ao longo do caminho, digam aí?!) e uma vida social renascendo das cinzas, algum dinheiro no bolso e a nova vida colorida entrando nos eixos, tcharam: eu me redescobri! E de uns tempos pra cá, conversando com algumas amigas que também já passaram da casa dos trinta rumo aos quarenta, casadas (ou não) e com filhos (ou não), percebi que rola um revival quase infantil da descoberta de um novo “ser mulher” que renasce de não sei onde e que quer se maquiar, ficar bonitona, experimentar outros figurinos e prazeres (ui!), fazer crochê, crafts e coisinhas miúdas, pelo simples gosto de olhar-se no espelho e sentir-se “confortavelmente bem e satisfeita” com o que vê e sente.

Aí de repente seu marido (coleguinha, mãe, irmão ou melhor amiga) pergunta: Pra onde vai tão maquiada (bem vestida, penteada, escovada, bronzeada, ou sei lá o quê) assim?! E você responde: Pra canto nenhum não, tava só experimentando umas coisinhas aqui. Aí ele continua: - Mas você nunca gostou de —— (escreva aqui o nome da sua atual obsessão), tô até estranhando! E eles estranham mesmo viu?! Olham pra você com uma incompreensão “et go home” que chega dói! E o que é pior, começam a achar que você está insegura, doida, deprimida, pirada ou andando com más influências! ;o)

Esse é apenas um dos exemplos e vocês aí devem ter suas muitas historinhas pra contar e dividir comigo. A pergunta que não quer calar é: Que mal existe em você trocar de gosto, de ritmo, de atitude e de uma hora pra outra passar a gostar de coisas ditas “bestas, bobas, inúteis e fúteis” ?!

Você que já pagou todos os seus pecados e suas contas do cartão de crédito, estudou, se formou, casou, fez filho, criou bicho, mudou de país, trocou de marido, fez teatro, sapateado e aulas de dança de salão, leu Kant, Dostoyesvsky, Tolstoy e Platão. Você que fez yoga, meditação, terapia junguiana, psicanálise e tai-chi-chuan. Você que fez mestrado, doutorado e pós graduação. Você que é inteligente e não precisa provar nada pra ninguém pois chegou viva, independente e o que é melhor: bo-ni-ta e feliz no mundo dos adultos ou na terceira, quarta, quinta casa decimal do seu tempo que é agora, já. Que mal há?! Eu não entendo não hein! Alguém por favor me explica?!

Esse post teve o patrocínio musical de Sandra de Sá cantando ao fundo: ”Eu não devo nada a ninguém, eu não sou do mal nem do bem, tô no meio do caminho, tô fazendo a minha estrada sem pedir carona”…

P.S.: Eu tenho um companheiro que casou comigo careca, me viu (e me vê) de todas as cores, sabores e formatos e segue ao meu lado, respeitando as minhas escolhas, entendendo os meus momentos e segurando a minha mão. Além disso, nunca fui de me preocupar com “o que os outros vão pensar”. ;o)"

Um comentário:

Ana disse...

Amei! Me identifiquei!!

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