sexta-feira, novembro 14, 2008

O Jardim das Delícias Terrenas, de Bosch


tem músicas, poesias, filmes, livros, amigos, que me acompanham por toda a vida, desde quando nem me lembro, desde sempre.
estou revendo agora algumas destas pessoas, e trazendo outras que não estão aqui, mas estão comigo.
perto, bem perto.
lembrando disto, lembrei do Jardim das Delicias, um tríptico do Bosch que eu conheci logo quando cheguei aqui em Madrid, em 1994.
(faz tempo, eu sei, mas parece que foi ontem...)
funciona como uma especie de signo de identidade, elo de ligação entre caminhos.
desde então, este quadro me acompanha, em postais, em lembranças, olhando e olhando sempre pensei: como é que pode um cara fazer uma coisa tão Dali lá entre 1480-1510?

a Wikipedia diz que: O tríptico (três painéis) de Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias Terrenas, descreve a história do Mundo a partir da criação, apresentando o paraíso terrestre e o Inferno nas asas laterais. Ao centro aparece, curiosamente, um Bosch que celebra os prazeres da carne, com participantes desinibidos, sem sentimento de culpa. A obra expõe ainda símbolos e atividades sexuais com vividez. Especula-se sobre seus financiadores, que poderiam ser adeptos do amor livre, já que parece improvável que alguma igreja tradicional a tenha encomendado.

Ligada à "utopia" por um lado, mas representando o lugar da vida humana por outro, Bosch revela uma actualidade do seu tempo, dado que essa vida está entre o paraíso e o inferno como se conta no Génesis. O tríptico, quando fechado, tem uma citação transcrita desse livro "Ele mesmo ordenou e tudo foi criado". Entre o bem e o mal está o pecado, preposição cristã. No jardim, painel central, representações da luxúria, mensagem de fragilidade nas envolvências do vidro e das flores, reflectem um carácter efémero da vida, passagem etérea do gozo, do prazer.

Enquanto “utopia”, porque transcreve de modo imaginário na imagem um “real”, que mais se aproxima do surreal, e representa, mesmo que toda a sociedade e a cultura Ocidental esteja marcada por essa estrutura, uma história “utópica” do seu tempo. Entre um “bem” e um “mal” está a vida e o pecado, de certo foi aplicado, mas no início seria apenas uma projecção.

Um comentário:

Ana disse...

Que "viagem" bonita, Isabel!
No tempo, nas emoções, nas lembranças - além de tudo de lindo e novo que deves estar conhecendo, agora!
Um beijão!

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