domingo, setembro 21, 2008

antiguidades...


quando eu tinha uns 12, 13 anos (e 14 e 15...),
uma das coisas que eu mais gostava de fazer era copiar letras de música.
tinha um caderno só para isto, e copiava musicas em ingles, portugues e espanhol.
era uma atividade que compartilhava com outras amigas, que tambem gostavam da mesma coisa, e copiavamos juntas, ou emprestavamos os cadernos uma da outra.
a atividade de copiar músicas tinha uma complexidade propria.
em geral, gravavamos fitas.
alguem lembra disto?
era bem comum uma pessoa gravar fitas com uma seleção de musicas, para uso proprio, ou para presentar alguem, com musicas escolhidas do disco de sua preferencia.
alguém lembra disto, vai, diz que lembra...
não faz tanto tempo assim, afinal!
bem, e destas fitas, eu costumava tirar as letras das musicas.
para isto, sentava ao lado do aparelho de som, com ou sem uns fones de ouvido enormes, e ficava escutando detalhadamente a musica.
copiava cada palavra (ei, atenção, não tinha internet, nem google!), cada frase, dava o pause, retornava para ver se era aquilo mesmo, ia adiante, parando em cada frase, depois retornava a canção inteira.
com isto, ouvia com atenção e pausadamente todos os detalhes, alem da letra: o timbre, o arranjo, a linha melodica de cada instrumento, a harmonia, e, claro, decorava a musica inteira.
era um outro tipo de percepção e de relação com a musica, e nem sei se com os buscadores de internet isto continua acontecendo hoje.
eu, pelo menos, quando quero alguma letra de musica ou poesia, digito no google e um simples enter me coloca os versos completos na tela do computador.
mas ontem, ao procurar uma musica especial que não me saía da cabeça, encontrei-me com uma fita cassete de novo.
era só ali que tinha a tal da musica.
nem no santo google não tinha!
(claro, uma musica composta por um cantautor que eu conheci nos bares de Santiago de Compostela em 1997, e ja venho contar esta historia completa daqui a pouco)
e entao, lá pela uma da manhã de ontem, coloquei a fita e sentei ao lado do aparelho de som.
ouvia cada frase e anotava, ate o final da canção.
e, ao final, ouvi novamente toda, todas as frases e harmonias que estavam na minha cabeça desde Santiago.
tão importante era que dali saiu a frase do blog, que fala del hambre de luna blanca (adoro esta frase, que para mim simboliza a busca por arte e por poesia na vida)
e bem fiquei emocionada, pelo resgate da idéia da luna blanca, pelo recuerdo de Santiago, e pelo resgate do meu costume adolescente de anotar, em cadernos especialmente escolhidos para isto, as letras de musica e as poesias que me faziam feliz.
(p.s.: meus cadernos de poesias, continuam!)

9 comentários:

Francisco Antônio Vidal disse...

Eu copiava letras até depois dos 20 anos, mas não era algo incomum na época (século passado).
Peguei os primeiros gravadores de cassete, que ainda não tinham tecla de pausa! Era play-stop,rewind-stop-play, centenas de vezes. A tecla de retrocesso precisava ser parada. Mas era um esforço tão grande como compor mentalmente uma poesia, dependendo da pessoa (eu compunha frases em prosa desse jeito, repetindo, retrocedendo, reproduzindo). Hoje esse prazer se trocou em outro: pego 3 ou 4 letras na internet, ouço para ver qual a que tem menos erros e "componho" rapidamente o todo. Sem tanto sofrimento e também sem tanto prazer.

Bianca Zanella disse...

Que texto lindo!!! Também é um prazer te ler! E, apesar da nossa diferença de idade, eu também copiava letras de músicas ouvindo fitas cassetes. Peguei a fase também de passar para fitas as músicas que só tinha em vinil... e de trocar papéis de carta e outras velharias da geração, a minha, do final dos anos 80...
Ainda gosto de colecionar letras de música. Faço isso no meu blog. Vou colocando ali os versos que mais me tocam...

Grande beijo!

Ana disse...

Também tinha as fitas cassetes e copiei alguma músicas do mesmo jeito!
Mas meus cadernos eram de "pensamentos"! Esse era o nome que dávamos às frases de escritores, filósofos...
E tinha diários e álbuns de recordações...
O blog é uma espécie de caderno, onde a gente vai anotando as coisas, guardando...
Belo post, Isa! Daqueles que faz pensar, lembrar e sentir saudades!

isa disse...

oi francisco, bianca e ana!
que bom compartilhar estas memorias!
eu tbem tinha estas "velharias", dos cadernos de pensamento, dos papeis de carta, diarios...
o blog cumpre um pouco esta função, com a enorme diferença de que é instantaneamente divulgado e compartilhado.
beijos, e obrigada pelos comentarios!

Rubens Filho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rubens Filho disse...
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Rubens Filho disse...
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Rubens Filho disse...

Uma das coisas que sempre me impressionaram nos humanos é a sua capacidade de preencher-se de vida a custa de um simples olhar. Olhar é - sempre - uma ponta de novelo. Uma vez que puxemos o fio, ela sempre nos trás tanto, revela-se, e nos revela. O texto do post tem o condão de nos relembrar que a vida é farta. Basta um simples movimento em direção a ela, e um mundo de conexões afetivas se revela. Há essa humanidade bonita no texto. Parabéns

Fabiane disse...

eu também fazia estas coisas. o caderno de letras, as fitas... qe saudades da minha adolescência querida...
bjs

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