sábado, maio 17, 2008

será que as crianças já vem prontas?

esta noite o gabriel ficou furioso porque eu tive que trocar as fraldas e toda a roupa dele no meio da madrugada.
chorou muito, vomitou de tão furioso, custou a dormir de novo.
fiquei com ele, expliquei que precisava trocar as fraldas porque ele estava molhado, tentei acalma-lo. conversei, mas respeitei a indignação dele com a situação. ele tem direito de não gostar, como diz minha mãe.
fiquei pensando em algumas pessoas que pensam que a criança deve se adequar ao que a gente espera dela, ao que a gente gostaria que ela fosse.
ok, a escola tem que fazer esta adequação, a sociedade exige um tipo de comportamente, etc.
mas não é disto que quero falar.
acho que os pais tem que respeitar mesmo antes do nascimento aquele serzinho que esta chegando no mundo.
mais do que tentar primeiro formatá-lo ao que se acha que ele deveria ser, observar o que ele traz.
como é sua forma de interagir com o mundo, o que chama a sua atençao, o que desperta o seu interesse, como é a sua forma de reagir às alegrias e aos incômodos.
é claro que tem limites para colocar, regras para combinar.
mas para combinar, não para impor.
dá um trabalhão, é certo.
e, hoje, quando o Pedro desfia os seus milhões de argumentos que eu mesma incentivei a que ele tenha, preciso acessar toda a paciência para chegarmos a um acordo.
de ensinar para eles que a convivência tem regras, que nao da para fazer tudo o que se quer, que tem horarios, obrigações e esperas ao mesmo tempo que coisas boas.
um dia alguem me argumentou que eu precisava "mandar" neles (e de vez em quando eu até mando mesmo).
que se não fosse quando são crianças, quando então que eu iria mandar?
nunca, penso eu.
muito menos quando crianças.
eu quero ensinar para os meus filhos que o mundo é um lugar para eles se expressarem como eles são, e que não existe existência plena se não for assim.
mesmo que seja difícil.
por isto a tarefa dos pais é realmente complexa: observar o filho e respeitá-lo, ao mesmo tempo em que o conduz pelos caminhos do mundo.

sobre este assunto, encontrei isto, que achei interessante:
do blog Cultura do Brincar, de Luiz Carlos Garrocho (obrigada pela dica, Ana!)
"Mas, quais as nossas tarefas em relação à criança?

1) Aprender com a criança. A oportunidade é ímpar.
2) Ao interagir com a criança, mundos se tocam e se trocam: o da nossa experiência, que formata, organiza, seleciona e direciona, e o da brincadeira exploratória e sensível.
3) Favorecer que a criança entre em contato com as explorações da nossa cultura, mas de tal modo que ela possa se apropriar disso e não apenas reproduzir um saber prévio e existente.
4) Não abdicar do nosso papel de orientação e de cuidado, traçando limites que favorecem a própria exploração sensível.

Temos uma enorme responsabilidade pelas crianças. Para tanto, devemos cuidar melhor do mundo que oferecemos à elas. Isto é: afinar e refinar nosso modo de ver o mundo e a vida. A arte nos oferece um caminho privilegiado: tanto para a criança quanto para o adulto. Por isso falamos de uma aesthesis: de um conhecimento (do) sensível. E o que a criança faz senão isso?"

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