Um negro ventre africano,
pariu os filhos do mundo,
dessemelhantes, cegos, absurdos,
e a dor de um continente,
ainda pulsa, longínqua.
Escuta os tambores crioulos,
que ardem, choram, que queimam,
o lamento da Terra, toda filosofia,
e a simples, remota, pergunta:
afinal, o que vale a tua vida?
Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente,
lição do acalanto, do engendro,
de quem sopra pepitas ao vento,
intui tempestades, hostis geografias,
e ora pelo milagre mais puro.
Escuta os tambores crioulos,
que gritam, clamam, que ordenam,
o consolo da fé, nossa verdade profunda,
e a simples, antiga, pergunta:
afinal, o que vale a tua vida?
Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente,
tecer as fibras dos sonhos,
gestar as virtudes do dia,
regressar à feminina sapiência,
e a sua terna, marsupial, profecia.
Poema de Monique Revillion, em http://www.lareinamadre.com.br/?p=6398#more-6398
Denize Barros fez uma bolsa ma-ra-vi-lho-sa para ilustrar este poema, é só conferir no link acima...
Um comentário:
"Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente..."
Isso é muito, muito, muito lindo!!
Postar um comentário