terça-feira, maio 06, 2008

Materno, por Monique Revillion

Um negro ventre africano,

pariu os filhos do mundo,

dessemelhantes, cegos, absurdos,

e a dor de um continente,

ainda pulsa, longínqua.
Escuta os tambores crioulos,

que ardem, choram, que queimam,

o lamento da Terra, toda filosofia,

e a simples, remota, pergunta:

afinal, o que vale a tua vida?

Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente,

lição do acalanto, do engendro,

de quem sopra pepitas ao vento,

intui tempestades, hostis geografias,

e ora pelo milagre mais puro.

Escuta os tambores crioulos,

que gritam, clamam, que ordenam,

o consolo da fé, nossa verdade profunda,

e a simples, antiga, pergunta:

afinal, o que vale a tua vida?

Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente,

tecer as fibras dos sonhos,

gestar as virtudes do dia,

regressar à feminina sapiência,

e a sua terna, marsupial, profecia.

Poema de Monique Revillion, em http://www.lareinamadre.com.br/?p=6398#more-6398
Denize Barros fez uma bolsa ma-ra-vi-lho-sa para ilustrar este poema, é só conferir no link acima...

Um comentário:

Ana disse...

"Amar, cobrir-se de amor, amar amorosamente..."

Isso é muito, muito, muito lindo!!

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