sábado, fevereiro 24, 2007

No extremo sul do Brasil, impressões de um carnaval na Barra do Chuí.

Este é talvez um dos únicos destinos onde se vem para a praia e é preciso comprar roupa de inverno para toda a família, porque esqueci de trazer.
Quatorze pessoas na casa, tento encontrar lugar para fazer o Gabriel dormir, sem barulho, e onde eu possa me encontrar comigo mesma.
Pensar e escrever um pouco.
Retomo a leitura, lendo “Sem Receita”, de Jose Miguel Wisnik.
Interessante lembrar como outro livro seu, O Som e o Sentido, me marcou profundamente há quase vinte anos atrás.
Nesta leitura de hoje, sinto a mesma coisa, e ainda que este livro não tenha ficado manchado de café e chimarrão como o anterior, imprimo minhas marcas conscientes com canetas de diferentes cores.
Adoro papel, canetas, blocos de notas, diários e livros, por extensão.
Alem do cheiro e da textura do papel, me encanta saber que emoções diversas passaram pela cabeça do autor ao decidir que idéias colocar no papel.
E como colocá-las.
Posto que um livro deverá, ao menos por algumas pessoas, ser lido, e sabendo que o autor também sabe disto, a escolha das palavras passa pelo que ele quer dizer e pelo que deseja que ressoe nos ouvidos outros.
Wisnik escreve unindo agudeza crítica, forma acadêmica e sentimento.
Professor, ensaísta, pianista e cancionista, me identifico com sua escrita: a busca de sentido em tudo, o desenvolvimento de um pensamento sempre com nuances, sua experiência musical primeira como pianista (em especial com Satie e Debussy) e da melancolia presente em suas canções.
Pérolas aos poucos.
No frio do anti-carnaval da Barra do Chuí, velando o sono do Gabriel em meio ao ruído da casa cheia, faço marcas coloridas no livro que redescubro, e me encontro comigo mesma.
Gracias pela companhia.
p.s.: Pedro acaba de derramar um pouco de chimarrão no livro!

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